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Pagamentos móveis. Será o fim do dinheiro em papel?

Pagar compras por celular é uma tendência mundial que indica a extinção gradativa do uso de dinheiro em papel. Empresas do setor informam que, atualmente mais de 440 milhões de pessoas do mundo, utilizam o telefone para pagar compras e serviços. Em alguns lugares a modalidade vem se tornando rapidamente uma realidade. Na China, por exemplo, dados oficiais dão conta que mais de 100 bilhões de transações foram concluídas em aplicações sem dinheiro em 2016 e o número de usuários já atingiu meio bilhão em 2017.

Segundo a CGTN (China Global Television Network), lá, os pagamentos móveis como o WeChat Pay, o Alipay ou o Apple Pay se tornaram tão comuns que, mesmo os vendedores ambulantes e as lojas de revistas disponibilizam  esse meio. Até músicos que tocam nas ruas chinesas tem placas com seus QR Codes. Por conta disso, o volume ‘mobile payment’ na China, em 2016, chegou a US$ 5,5 trilhões, enquanto nos EUA somaram US$ 112 bilhões, conforme a consultoria iResearch.

Por aqui, em 2015, 36% dos portadores de celular usaram aplicativos de pagamento móvel. Em 2014, eram apenas 19%. (pesquisa da ACI Worldwide em 2016). Outros levantamentos tangenciam a questão, como a pesquisa de Tecnologia Bancária 2017, da FEBRABAN, que revela que o mobile banking é o canal preferido dos brasileiros, sendo responsável por 21,9 bilhões das transações bancárias realizadas no ano passado, 96% a mais que em 2015. O estudo do CONECTAí Express, revelou que 79% dos internautas brasileiros já utilizam pelo menos um app de banco. Destes, 2/3 realizam consultas e transações e as principais operações são pagamentos de contas (95%) transferências e recarga de celular.

Os números de outras partes do mundo também demonstram essa tendência. O banco holandês ING pesquisou 13 países europeus, EUA e Austrália no início de 2017 e constatou que 34% dos europeus, 38% dos americanos e 24% dos australianos estão prontos para viver em um mundo sem notas e moedas. A África subsaariana representa mais de metade de todas as implantações de dinheiro móvel do mundo. De acordo com dados da GSMA, existem sete mercados na região onde mais de 40% dos adultos são usuários ativos do dinheiro móvel: Gabão, Gana, Quênia, Namíbia, Tanzânia, Uganda e Zimbabwe.

A estrada está pavimentada com terminais NFC

O pagamento por celular é feito por aproximação graças à tecnologia NFC – Near Field Communications – que permite a troca de informações entre o dispositivo e o POS. O portador do celular precisa se cadastrar em uma carteira virtual.

O diretor comercial da Gemalto, Sérgio Muniz, explica que no Brasil boa parte do parque de POSs está preparada para NFC. “Há pouco cerca de um ou dois anos, essa tecnologia vem sendo desenvolvida por toda a indústria. As estradas aqui no Brasil já existem e estão pavimentadas, ou seja, o parque de PoS existe de uma forma bastante relevante. O número de POSs preparado para NFC no País é o maior no mundo em números absolutos. Talvez, só perca para a China, onde os dados não são oficiais,” ilustra. Para Muniz, o que falta são os carros e alguma utilização que são as rotas da estrada. Hoje, talvez, não tenhamos as rotas mais otimizadas. Os carros são os telefones, que estão cada vez mais massivos, e tem o hábito do usuário,” explica.  

De fato, segundo a Associação Brasileira Empresas Cartão Serviço – Abecs, em 2016, aproximadamente 60% da base de terminais POS possuíam a capacidade de captura por NFC: 4,5 milhões de máquinas. No entanto, a Associação estima que 5% dos celulares em uso no país tenham a tecnologia.

Entraves para adoção do pagamento móvel

Em meio à predominância do discurso de eletronização das transações, do predomínio dos canais móveis e emergência das Fintechs, é importante pontuar que no Brasil, assim como outros mercados do mundo, cresce o volume de dinheiro em circulação, o que mostra que este desempenha papel importante nas operações do Brasil. Segundo o Banco Central o Meio Circulante Nacional, que são as cédulas e moedas metálicas (inclusive as comemorativas) do padrão monetário Real, em poder do público e da rede bancária, em 09 de agosto de 2017, o total de dinheiro em circulação era de R$ 221.459.823.297,96 ante os R$ 210.957.748.709,75, na mesma data do ano passado, 10 bilhões a mais.

Pode-se dizer que existem duas realidades no País: a das grandes cidades, onde existem altas taxas de eletronização, de uso do plástico como meio de pagamento, uso crescente do celular, com prevalência de conexões mais velozes, mas quando se sai dos eixos das grandes cidades, o uso do dinheiro aumenta muito. Há também a questão da bancarização, que ainda é um processo em andamento no Brasil. O problema parece afetar também o gigante asiático do começo da matéria. “Um dos problemas da adoção em massa na China é excluir aos poucos pessoas que não conseguem ter acesso a essas redes”, analisa reportagem do The New York Times.

Rumo aos pagamentos móveis

De acordo com a Gemalto, nos últimos dois anos duas barreiras foram transportas com o esforço da indústria e de alguns emissores. A primeira é a adoção do usuário, com duas frentes: o hábito de utilizar o telefone como um meio e pagamento e a não familiaridade para utilizar o telefone no PoS. “A segunda grande barreira são a adquirência e os estabelecimentos, que desconheciam como fazer a transação, seu fluxo, iniciar o POS, ou mesmo no dispositivo.”

Outro avanço foi o lançamento de smartphones com a inclusão da tecnologia NFC e da MST – Magnetic Secure Transmission – que permite larga compatibilidade.  O Samsung Pay, por exemplo, tem duas tecnologias: o NFC e a tecnologia proprietária (desenvolvida pela startup LoopPay, adquirida no ano passado), presente em alguns modelos de celulares da Samsung, que emitem uma onda eletromagnética que emula a passagem da banda magnética de um cartão na máquina antiga. A Apple tem o Apple Pay que embuti as informações do cartão de crédito no celular, então basta encostar o celular no cartão para fazer o pagamento.

Para Muniz, o mais relevante do pagamento por meio do conceito do MST é que não existe a frustração do usuário. “O grande benefício que a Samsung Pay traz é uma massificação e começa a trabalhar a conscientização do usuário,” complementa.

A Gemalto, ainda nesse terceiro trimestre, fará um lançamento, em parceria com um de seus clientes, que deve comprovar que o caminho foi percorrido. O executivo não revela qual, mas afirma que “esse trabalho realmente foi feito e foi essencial para o ecossistema estar pronto para um lançamento massivo, em que se coloca na mão do usuário, um mecanismo que permite fazer pagamento via celular diariamente.”

A substituição do dinheiro se dá quando as pessoas desenvolvem o hábito de efetuar diariamente pagamentos de menor valor, que normalmente são feitos com o dinheiro tradicional. “Quando a indústria permite que os micropagamentos sejam feitos por meio de um mecanismo, seja wearable, cartão ou celular, começamos a reduzir e a migrar o uso do papel moeda para o uso do meio eletrônico. Esperamos que isso aconteça muito em breve,” finaliza Muniz.

Com informações de Ncs.cn; CGTN; Estadão; Inova.jor

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