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Open Banking põe mais lenha na fogueira do monopólio de serviços bancários

Entrou em vigor este mês na União Europeia a Nova Diretiva de Serviços de pagamento, o PSD2, que determina que os bancos tenham protocolos abertos para a troca de informações. Em linha com alguns dos aspectos da transformação digital, essa regulamentação obriga o uso de APIs (interface de programação de aplicativos), que permite a terceiros, desde que autorizados pelo cliente, acessar e até mesmo movimentar recursos de contas bancárias. “O princípio é que os dados financeiros são dos usuários, e não das instituições financeiras. A mudança, que enfrentou forte resistência nas instituições, deve esquentar ainda mais a disputa com as novas empresas de tecnologia financeira, as chamadas fintechs,” argumenta matéria do jornal Valor Econômico.

Trocando em miúdos: era uma vez o monopólio dos bancos sobre os dados financeiros dos clientes. O open banking viabiliza situações impensáveis, até agora, como a utilização do internet banking ou app de preferência, independente do banco em que se deseja manter a conta bancária. Foi o que fez o HSBC, que lançou internet banking que permite aos clientes no Reino Unido acessarem contas de outras instituições financeiras.

Segundo o Valor, entre os grandes bancos, o Banco do Brasil foi o primeiro a anunciar a criação de parceria na área de open banking, com o aplicativo ContaAzul. Mas, a relação dos bancos locais com terceiros que desejam se valer dos dados de seus clientes para oferecer serviços nem sempre é amigável. “O aplicativo de finanças pessoais GuiaBolso tem sido alvo constante e chegou a ser processado pelo Bradesco, por supostamente violar a segurança e prejudicar os correntistas. O caso corre em segredo de Justiça,” informa o Valor.

Sobre Open Banking, em evento no ano passado noticiado pelo StartSe, o chefe adjunto no Banco Central do Brasil, Fábio Lacerda Carneiro, comentou que a disponibilidade de informação pode gerar melhores decisões sobre concessão de crédito e precificação. “A gente pode avançar ao discutir intervenção regulatória é algo como um PSD2 da Europa no Brasil, discutindo o conceito de open banking e regulação de APIs.” E ressaltou que ainda é necessário concluir o debate nacional sobre a privacidade dos dados.

De fato, no País, ainda tramitam no Congresso Lei para Proteção de dados pessoais, Lei de Acesso à Informação” e o debate do PL 5276. “Havendo uma maior estabilização do ambiente jurídico eu acho que dá para fazer algum tipo de intervenção regulatória. Isso é uma demanda do mercado, de que o Banco Central entre regulamentando o Open Banking no Brasil, muito inspirado no PSD2 europeu. Talvez seja uma saída para permitir que os entrantes trabalhem melhor a informação, com esse big data, acrescenta Carneiro”

As fintechs

Como exemplo de potencial de aplicação do open banking, o Valor Econômico menciona as fintechs que atuam na concessão de crédito. Uma das principais barreiras a essas empresas hoje é o pouco conhecimento dos clientes, o que aumenta o risco de crédito – e a taxa de juros da operação. Com a possibilidade de acessar o histórico bancário do potencial tomador, a tendência é que a fintech consiga oferecer empréstimos com taxas menores que as dos bancos, que ainda precisam arcar com altos custos relacionados ao legado de agências físicas.

E avalia o cenário para os bancos. “Como toda ameaça, há também oportunidades para as instituições financeiras. O open banking está para os bancos como os chamados serviços “over the top” – como WhatsApp, Facebook e afins – estão para as operadoras de telefonia. Embora tenha relegado o tradicional SMS à irrelevância, esse tipo de aplicação fez explodir a receita das teles com dados, que apenas engatinhava em meados de 2000. Por isso mesmo, bancos de todo o mundo estão debruçados sobre o tema estudando qual o melhor caminho. Não faltam relatórios de consultorias sugerindo direções. Um deles, da Accenture, afirma que as instituições financeiras têm quatro modelos possíveis: tornar-se um provedor de infraestrutura; usar APIs externas para melhorar a experiência de seus clientes; desenvolver APIs internas e liberá-las de forma controlada para acelerar a inovação; abrir totalmente suas plataformas.”

Fonte: Valor Econômico e StartSe

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