Por Edilma Rodrigues
Os tokens não-fungíveis (NFTs), que surgiram no mundo dos games e se tornaram famosos com as artes digitais, têm potencial para transformar totalmente os mercados de crédito, de títulos financeiros e de financiamento do comércio exterior. Esta é a análise da Capco, consultoria global de gestão e tecnologia do grupo Wipro, que avalia que esses ativos podem gerar muitas oportunidades para os bancos
De acordo com o estudo, os bancos podem lucrar e criar soluções para seus clientes, porque têm potencial de fornecer um mercado seguro para os proprietários de NFTs. Além de aumentar a liquidez e apoiar preços justos para os tokens, e ampliar a variedade do portfólio e abrindo um novo mercado.
Para o gerente sênior da Capco e líder do Capco Digital Lab São Paulo, Alexandre Bueno, os ativos digitais, ou criptoativos estão crescendo como classe de ativo e como opção de investimentos nos portfólios dos bancos. “Agora, os NFTs também aparecem como possibilidade de garantia de contratos. Um dos motivos para isso é que, ao trafegarem em redes blockchain, permitem operações mais transparentes e com menor risco em relação às características e entrega dessa garantia. Há outros pontos como o fato de reduzirem o número de intermediários, o tempo de transações e os custos”, assinala Bueno.
Vale mencionar que os NFTs são contratos inteligentes que representam um ativo digital – ou mesmo real – único. Uma das principais diferenças entre uma criptomoeda como o bitcoin e um token não-fungível é que este último não é intercambiável com nenhum outro ativo. Em meio à pandemia, muitos NFTs, ligados a artes foram criados e atingiram altos preços. Em 2021, o segmento registrou vendas de 25 bilhões de dólares. A Capco explica que os bancos poderão se beneficiar de blockchain em suas operações e, ao mesmo tempo, ter receita e lucros com a introdução dessa nova categoria de produtos em seus portfolios.
Segundo Bueno, a observação e atuação em NFTs também poderá ajudar bancos a acompanhar no mesmo patamar ou até ficar à frente das fintechs e de outros concorrentes, além de ajudar a desenvolver sua estratégia de negócios. “Produtos de renda fixa, como notas de investimento, por exemplo, podem fluir com segurança pelo blockchain, trazendo transparência, facilitando a liquidação perfeita e aumentando a liquidez”, avalia. Assim, a Capco vê este estágio inicial como uma oportunidade de exposição dos bancos que querem ter uma vantagem competitiva nesse mercado.
A Capco lembra que muitos NFTs do mercado não têm liquidez, portanto, também por esta razão há uma oportunidade de negócio para os bancos. Isso porque podem criar markeplaces nos quais quem tem os tokens os deposita como garantia para receber em troca empréstimos em moeda fiduciária, as emitidas pelos governos, ou mesmo criptomoedas. A Capco demonstra que há vantagens da garantia NFT, bem como há formas de cobrir futuras aplicações de financiamento comercial e securitização.
A imagem acima mostra que, no caso de uso de NFT como garantia, o dono do ativo conecta sua carteira à plataforma, escolhe a moeda que deseja receber como como empréstimo e transfere seu ativo, assinando a transação com sua carteira conectada. A plataforma calcula o limite máximo de empréstimo para o mutuário de acordo com as condições de crédito escolhidas. Os credores interessados em determinados NFTs fazem ofertas de empréstimos tomando esses tokens como garantias. Uma vez que a negociação é fechada, o NFT é bloqueado e ficará assim até que o empréstimo seja pago integralmente. Tudo isso é feito com muita rapidez, porque envolve contratos inteligentes, ou seja, códigos de comandos.
A segurança que os bancos trazem é importante porque os NFTs têm preços diferentes e as pessoas estão dispostas a pagar valores diferentes pela mesma coisa, por isso a determinação do seu preço não é fácil. “Uma vez que ambas as partes concordam com os termos, o NFT seria depositado da carteira do mutuário em uma conta de garantia gerenciada pelo banco e o empréstimo poderia ser facilitado por meio de um contrato inteligente. Ao fornecer um mercado seguro para essas transações, os bancos podem apoiar colecionadores e investidores de várias maneiras”, finaliza Bueno.
Com informações da assessoria de imprensa