Apesar do impacto negativo de R$ 1,2 bi, especialistas não vêem ameaça à instituição
por Ana Carolina Lahr
Na quarta-feira (23), um comunicado oficial da holding Itaú Unibanco informou oficialmente o mercado e seus acionistas a venda das operações na Argentina para o Banco Macro, pelo valor de aproximadamente 250 milhões de reais. O movimento já estava sendo especulado no mercado desde junho pela imprensa argentina.
Segundo o comunicado, assinado por Renato Lulai Jacob, diretor de Relações com Investidores e Inteligência de Mercado, “estima-se que o impacto não-recorrente desta transação no resultado do Itaú Unibanco seja negativo em aproximadamente 1,2 bilhão de reais, que será reconhecido quando a transação for concluída. Já o impacto líquido no capital CET I do Itaú Unibanco será imaterial”.
A instituição informou também que mesmo após a conclusão da operação, continuará atendendo aos clientes corporativos locais e regionais, e pessoas-físicas dos segmentos de wealth e private banking, por meio de suas unidades internacionais, assim como também submeterá à aprovação das entidades reguladoras na Argentina e no Brasil um pedido de abertura de escritório de representação na Argentina, que conduzirá as atividades permitidas por sua licença e pelas demais condições do acordo de compra e venda.
Em matéria, o site InfoMoney trouxe a opinião de especialistas sobre o movimento. Para Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, a operação sugere um prejuízo na venda, porém ela avalia que, “dadas as perspectivas macroeconômicas dos hermanos, essa pode ter sido a melhor saída possível, mesmo com o prejuízo na venda. Ademais, a venda libera foco e recursos para outras operações da LatAm, algumas inclusive maiores do que a da Argentina”.
A Levante Ideias de Investimentos também avalia que a transação, sujeita a condições e aprovações regulatórias, terá um impacto financeiro, mas não deve prejudicar de maneira significativa a posição financeira geral do Itaú Unibanco, sendo que “o banco figura como destaque no segmento no Brasil atualmente, explicado pela atuação diante dos ciclos econômicos atravessados nos últimos anos, que atrelou gestão eficiente de riscos e margem financeira sustentável, com perspectivas positivas para os próximos trimestres”.
O Itaú Argentina era até o final do ano passado o 16º maior banco do país em total de empréstimos em pesos argentinos, e o 11º considerando apenas bancos privados, com uma participação no mercado de 2,1%. O banco operava na época 67 agências e pontos de atendimento. A carteira de crédito do Itaú Argentina no final de junho deste ano era de 9,1 bilhões de reais, queda de 10,4% sobre um ano antes.
Além de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o Itaú mantém operações no Chile e Colômbia.