Por Cláudia Mancini*
De oito projetos escolhidos para o LIFT Lab 2022, programa do Banco Central (BC) com a Federação Nacional de Associações de Servidores do Banco Central (Fenasbac), ao menos seis usam blockchain.
As soluções vão de microcrédito descentralizado a pools de liquidez (liquidity pools, LP), este último proposto pelo Itaú. O banco está em dois projetos no total e outras empresas incluem ainda a startup Lovecrypto, plataforma de criptos, com uma proposta de interoperabilidade do real digital com blockchain pública, no caso a Celo.
Esta é a quinta edição do Lift Lab e houve uma concentração de projetos em blockchain, o que não aconteceu em edições anteriores. Aliás, nas primeiras, nem havia projetos que envolviam tokens e criptos. Isso é, portanto, mais um sinal de que o BC está buscando soluções que se alinhem à sua visão de que os tokens serão mainstream em algum tempo. Dentro disso está o real digital, que está em testes de caso de uso e que pode ser lançado para suas primeiras funções em 2024.
De acordo com o Líder de Inovação da Fenasbac, Rodrigoh Henriques, o Lift Lab (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas) “a divulgação dos projetos selecionados, além de dar transparência ao processo, atrai o interesse de todos os participantes do sistema financeiro e de seus especialistas e pesquisadores”, afirma. O Lift Lab é uma oportunidade de interação do BC com a sociedade, segundo o chefe de divisão no Departamento de Tecnologia da Informação da instituição, André Siqueira.
Projetos aprovados no Lift Lab 2022
Segundo o BC, os projetos aprovados são:
Ailos Pix Crédito (Ailos): busca criar uma nova modalidade de pagamento e parcelamento facilitado, sem intermediários, com taxas de transações e antecipação de recebíveis menores que as aplicadas pelas adquirentes.
DeFi – Liquidity Pool (Itaú): plataforma que por meio de blockchain e smart contracts, permite a custódia, troca de moedas e investimentos alternativos. O caso de uso consiste na criação de um pool de liquidez com tokens que simulam stablecoins que podem ter paridade com real, dólar ou alguma outra moeda fiduciária. O funcionamento é similar ao de DeFis de liquidez que atuam no mercado de ativos digitais.
Easy Hash – Microcrédito Descentralizado (Celso Jungbluth): solução de tokenização de ativos financeiros em blockchain para descentralização do risco do crédito entre diversos credores.
G10 Bank (G10 Bank Participações): visando a inclusão financeira, promove a concessão de microcrédito para pessoas vulneráveis integrantes do G10 favelas, onde parte da comprovação para concessão do crédito é feita por “presidentes de rua”, que são pessoas que conhecem a comunidade para facilitar a operação.
Interoperabilidade entre o Real Digital e um Blockchain público (Lovecrypto): proposta de conversão de stablecoin no blockchain Celo em real digital, estudando a interoperabilidade entre o blockchain público que roda na EVM (Ethereum Virtual Machine) e a CBDC (moeda digital de banco central). Além da possível interoperabilidade com o Pix.
Pix com uso de NFC e QR Code Offline (Itaú): tem como objeto o adiantamento das discussões sobre pagamentos via Pix utilizando a tecnologia NFC, utilizando celulares com débito em conta. Além disso, pretende estudar a solução de Pix offline por QR-CODE, onde a transação será realizada com base em saldos reservados de forma offline, de forma fluida preservando a segurança.
Protocolo de crédito descentralizado (Delend Tecnologia LTDA): trata da ampliação do acesso ao crédito por pequenas e médias empresas. Isso seria através de uma plataforma digital, em que pagamentos a prazo aconteçam baseados em dados do open finance e com agendamento de Pix, onde os dados do cliente sejam utilizados pelo credor na avaliação do risco da operação.
Redução de custos e complexidade no uso de CCBs, através da aplicação de smart contracts e stablecoins (Nest): trata do desenvolvimento de smart contracts em blockchain como aplicação de regras de negócio de Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) de acordo com as normas do BC. Mas, isso inclui uso de stablecoins ou CBDCs para liquidação da CCB, a partir de transferências Pix ou TED para conta de pagamento. Pretende também padronizar e unificar o processo de ponta a ponta em uma plataforma.
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*Cláudia Mancini é fundadora e editora-chefe do site de notícias Blocknews especializado em blockchain; atua como moderadora e parceira da Cantarino Brasileiro na Trilha Blockchain Finance Brazil, entre outros projetos.