Investimento em fintechs brasileiras atinge US$ 1,6 bi em 2019, o triplo do ano anterior

Por Edilma Rodrigues

O valor dos investimentos em fintechs brasileiras atingiu 1,6 bilhões de dólares em 2019, quase três vezes maior que o do ano anterior. Na maioria dos principais mercados, o que inclui o Brasil, Índia, EUA e Reino Unido, os aportes em startups de serviços financeiros aumentaram significativamente no período. A conclusão está no levantamento da Accenture, feito a partir da análise de dados da CB Insights, empresa global de dados e análises financeiras.

O Brasil ocupa o quinto lugar entre os maiores centros de captação de fundos de fintechs do mundo. O crescimento foi puxado por investimentos como a injeção de 400 milhões de dólares no Nubank, maior fintech do país, e a de 344 milhões no rival Banco Intermedium.

Investimentos devem ir para economias em crescimento

O diretor da prática de financial services da Accenture, Julian Skan, avalia que apesar da forte demanda global pelas fintechs, a previsão é que com o amadurecimento das startups os investimentos sejam direcionados cada vez mais aos países com economias em crescimento, onde ainda existem diversas oportunidades para inovações no mercado de consumo e corporativo. Por enquanto, ainda temos crescimento entre os chamados bancos desafiadores, que estão expandindo tanto em seus mercados de origem quanto no exterior, e entre os provedores de pagamentos, que estão incluindo soluções integradas em suas atividades cotidianas, explica.

Valor de negócios, apesar da alta, diminuem 3,7%

A Accenture explica, em nota, que, mesmo com os ganhos, o valor total de negócios de fintechs ao redor do mundo diminuiu 3,7%, chegando a 53,3 bilhões de dólares, contra 55,3 bilhões de dólares em 2018. Naquele ano, os números foram impactados pelo valor recorde de 14 bilhões de dólares registrados pela Art Financial e de outras três transações bilionárias de empresas chinesas.

Investimentos nos EUA aumentam 54%

O valor dos negócios nos EUA aumentou 54%, chegando a 26,1 bilhões de dólares, enquanto o número de transações cresceu 6,9%, totalizando 1.232 no período. Os dados mostram que os investidores mantêm a confiança no crescimento e demanda futuros de soluções digitais para bancos, seguradoras e provedores de pagamentos. Nos EUA, a maior fatia dos financiamentos foi para as startups e empresas de pagamentos líderes de mercado – cada uma delas, responsável por 26% desse total. Outros 18% foram para as insurtechs. A Figure Technologies Inc, fintech focada em crédito ao consumidor, foi a responsável pela maior transação do país, no valor de um bilhão de dólares, em maio de 2019.

Posição dos aportes em outros mercados

Já no Reino Unido, os investimentos em fintechs cresceram 63%, chegando a 6,3 bilhões de dólares – praticamente o mesmo registrado em 2018 e 2017. Outros mercados europeus também registraram avanços significativos, com os investimentos nas fintechs alemãs chegando a 1,5 bilhões de dólares em 2019 – um aumento de 83%. Na Suécia, a captação de fundos aumentou mais de sete vezes, passando de aproximadamente 175 milhões para 1,3 bilhões de dólares.

Na China, houve queda de 92% nas transações em 2019, com valor total de 1,9 bilhões de dólares. A maior transação do país foi registrada em junho, no valor de 145 milhões de dólares. Vale lembrar que em 2018 a captação de fundos na China foi recorde, quando apenas quatro transações garantiram a entrada de aproximadamente 20 bilhões de dólares.

Todavia, houve captação significativa de fundos em outros países da região. Na Índia, os investimentos praticamente dobraram, chegando a 3,7 bilhões de dólares, garantindo ao país o terceiro lugar entre os maiores mercados para fintechs. Em Singapura, o valor de transações mais que dobrou, chegando a 861 milhões de dólares, contra 1,1 bilhão de dólares na Austrália, onde o crescimento foi de quase 50%.

width=750

Bancos desafiadores enxergam crescimento significativo em investimentos de fintechs 

Em 2019, os investimentos nos bancos desafiadores mais que triplicaram, chegando a 5,2 bilhões de dólares, contra 1,6 bilhões de dólares em 2018. Os resultados foram puxados pelos 726 milhões de dólares obtidos pelo banco digital e operador de cartões italiano Nexi, seguidos por 683 milhões de dólares levantados pela NAVER Financial, na Coreia do Sul, e pelos 700 milhões de dólares obtidos pela Chime em duas transações separadas nos EUA. 

No Brasil, os investidores injetaram 400 milhões de dólares no Nubank, maior fintech do país, e 344 milhões no rival Banco Intermedium. Adicionalmente, a alemã N26 obteve 470 milhões de dólares a partir de duas transações separadas e os bancos digitais do Reino Unido Monzo e Starling Bank obtiveram 144 milhões e 211 milhões de dólares, respectivamente.

Em 2020, os bancos desafiadores devem continuar no centro das atenções dos investidores, com Singapura, Austrália e outros mercados liberando novas licenças para os bancos digitais e players consagrados como Revolut e Monzo explorando novos mercados, afirma Skan. 

Investimentos em startups de pagamentos e de crédito respondem pela maior parte da captação de fundos entre fintechs, com 28% e 25%, respectivamente. Já as insurtechs receberam 13% dos investimentos.

nota2_extra2

Número de transações atinge níveis recorde no mundo todo, mas ritmo de crescimento cai 

No mundo todo, o número de transações entre fintechs aumentou 6,8% em 2019, chegando a 3.472, outro nível recorde. Todavia, essa foi a taxa de crescimento mais baixa dos últimos nove anos, sugerindo que a atividade em mercados mais maduros pode estar se estabilizando, enquanto ganha força nos novos centros de fintechs. 

Para ilustrar, o número de transações nos EUA cresceu apenas 6,9% e 2% no Reino Unido. Já os volumes das transações registradas na região Ásia-Pacífico foram muito mais altos – 11% no Japão, 16% na Austrália e 52% na Singapura – assim como na Europa, com ganhos de 37% na Alemanha e 79% na Suécia. 

O crescimento saudável da atividade é um bom presságio para as perspectivas de curto prazo do setor de fintech, principalmente porque vemos participantes mais estabelecidos interessados em implementar as mais novas tecnologias por meio de parcerias com startups, que também estão ansiosas para lançar suas soluções para as bases de consumidores de grandes empresas financeiras já estabelecidas, afirma Piyush Singh, diretor da Accenture e líder da prática de Financial Services para Ásia-Pacífico e África. 

Metodologia 

A Accenture analisou dados de investimentos das fintechs cedidos pela CB Insights, empresa global de dados e análises em finanças. A análise incluiu informações sobre as atividades financeiras globais de empresas de capital de risco e de capital privado, corporações e divisões de capital de risco corporativo, fundos especulativos, aceleradores e fundos apoiados pelo governo. Os dados de investimento são referentes ao período de 2010 até o final de 2019 e incluem financiamentos de capital próprio e de terceiros. Por definição, as fintechs são empresas que oferecem soluções em tecnologia para finanças bancárias e corporativas, mercado de capitais, análise de dados financeiros, seguros, pagamentos e gerenciamento financeiro pessoal. 

Com informações da assessoria de imprensa

Compartilhe

Notícias relacionadas

Blog
Mudança na natureza jurídica da ANPD fortalece aplicação da LGPD
Por Edilma Rodrigues A Medida Provisória (MPV) nº 1.124, de 13 de junho de 2022 assinada pelo...
Blog
Mercado Pago usa tecnologia de segurança da Mastercard para criptos
A carteira digital do Mercado Livre, o Mercado Pago, vai usar
Blog
Ant Group lança banco digital para micro, pequenas e médias empresas em Singapura
O ANEXT Bank, banco digital de atacado de Singapura e parte do Ant Group, anunciou...
Blog
Cetelem vai reduzir 6 mil toneladas de CO² com emissão de cartões reciclados
O Banco Cetelem Brasil emitiu cerca de 370 mil cartões de plástico reciclado, desde o...

Assine o CANTAnews

Não perca a oportunidade de saber todas as atualizações do mercado, diretamente no seu e-mail

plugins premium WordPress
Scroll to Top