O que diferencia o banco digital de um banco tradicional? Será que o futuro realmente é o tal do phygital, que aproxima os dois modelos de instituições financeiras?
Esse foi o questionamento que abriu o painel Marketplaces ou bancos: revolucionando o autoservice, realizado durante o evento presencial da trilha sobre bancos digitais, da Cantarino Brasileiro, no dia 23 de agosto. O debate foi mediado por Carlos Sangiorgio, da Colink; e contou com o conhecimento e experiência de Rodrigo Bibiano, CEO do Orbital Payments, e Alex Conceição, CEO do Original Hub.
A fim de identificar o ponto de convergência entre os bancos digitais e tradicionais, Conceição lembrou da origem dos bancos hoje em dia: “Ou ele vem de uma fintech, que cresce ao ponto de virar banco, ou de um banco tradicional que a gente conhece e que vem se digitalizando a ponto levar um serviço como uma fintech. São trajetórias diferentes, mas a convergência está no digital, no integrado e no interoperável”.
Usando a trajetória do Banco Original para ilustrar o contexto, ele lembrou que foram os conceitos de banco aberto, digital e integrado que estimularam o investimento no serviço de Bank as a Service, fazendo com que hoje a instituição ofereça todos os produtos do seu portfólio para outras empresas através de APIs e integração em outros ecossistemas.
“Estamos no back end oferecendo a infraestrutura tecnológica, o regulatório, a conformidade, a antifraude, tudo aquilo que é a essência de um banco”, reforçou, salientando que hoje, para cada 20 pagamentos feitos, um é de um cliente do Banco Original e os outros 19, do mercado. “Quando você oferece isso embalado como um serviço, de modo que uma operação não precise ter essa complexidade, você acelera a conexão, melhora a experiência do cliente, reduz o custo de implementação e o time to market é muito diferente. Desde os primórdios o Banco Original acredita nesse modelo de negócio, vem se posicionando como um player de bem, que serve justamente potencializando outros ecossistemas”.
O executivo da Orbital Payments também reforçou o papel da empresa, que abandonou a antiga imagem de uma processadora de cartões para trabalhar efetivamente com o marketplace de serviços financeiros: “nós somos responsáveis por implementar a tecnologia, fazer a conexão do nosso ecossistemas com bancos e serviços financeiros”.
Olhando para os efeitos do open banking no sistema financeiro, os painelistas refletiram sobre o compartilhamento de dados e autonomia do cliente no novo formato. “A troca de dados entre os bancos vem facilitar a experiência do cliente e sua centralidade com uma experiência melhor, com menos fricção e mais fluida. Nós estimamos que o uso dos dados no cadastramento abertura de conta, por exemplo, pode reduzir de 50% a 60% a quantidade de telas e informações que o cliente digita”, pontuou o executivo do banco Original.
Ele lembrou que o Brasil ainda está em fase de implementação, mas as perspectivas são positivas. “Podemos levar mais um ano, dois ou três, mas não tenham dúvidas que a capacidade de consentir o compartilhamento do seu dado com outra instituição vai ser parte do nosso dia a dia”. A atenção, segundo ele, deve estar na capacidade de gerir os dados, que deve ser cada vez mais eficiente; esse seria o grande desafio das instituições financeiras tradicionais, que por toda a sua vida trabalharam com a visão de que os dados eram apenas seus. “Você tenta chegar num banco tradicional para pedir todo o seu histórico dos últimos dez anos, com extrato de conta, as operações de crédito, faturas de cartão e o banco trava porque tem que pedir isso em tanto lugar, em tanta vertical, tanta área, que é praticamente impossível ter uma visão integrada do cliente. Essa é a distância que a gente tem dos bancos que foram formados por produtos orientados por décadas, guardando informações”, justificou.
Tecnologias
Cientes de que a tecnologia é peça fundamental para sanar as necessidades do ecossistema financeiro, o mediador questionou o executivo da Orbital sobre a melhor abordagem para uma instituição financeira que deseje aprimorar suas tecnologias – “partir do zero ou procurar uma empresa que já forneça a tecnologia pronta?”, indagou.
Em resposta, Bibiano salientou que a tecnologia oferecida hoje pode tornar praticamente qualquer projeto uma realidade, mas outros fatores podem influenciar na entrega: “Existe essa necessidade de sentar e entender o que o seu prospect, leed ou futuro cliente realmente precisa. Hoje, no mercado, o maior problema que eu tenho é o tempo, se quer uma situação padrão a gente faz rápido, se quer uma situação customizada, precisamos desenhar o produto”, explicou.
O executivo concluiu o debate lançando um olhar para as tecnologias do futuro – blockchain, tokenização, etc.: “Acho que tecnologia não é o problema, ela já está aí. A gente precisa melhorar a forma de implementar. Esse é o ponto crucial. Mudar culturalmente os grandes bancos, os médios e os pequenos; as fintechs precisam se falar mais; e a gente, como integradores, também precisa falar mais e entregar mais informação. Assim a gente consegue, na ponta, criar um ecossistema financeiro realmente viável”, concluiu.
Em breve o painel será exibido na íntegra no nosso canal do youtube. Inscreva-se para acompanhar esses e outros conteúdos!
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