Copom anuncia primeiro corte na Selic no período de três anos

Redução de 0,5 ponto percentual foi positiva, mas mercado aguarda uma redução contínua

por Ana Carolina Lahr

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na quarta-feira (2), o primeiro corte na taxa básica de juros (Selic) no período de três anos. Com a redução de 0,5 ponto percentual, a nova taxa Selic passa a ser de 13,25%. A medida vai ao encontro de uma demanda geral do governo e dos empresários, mas deixou frustrados aqueles que enxergavam nos indicadores da economia espaço para uma redução mais significativa.
Em nota à imprensa, o Comitê declarou entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, a decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego. “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, afirmou.
Após o anúncio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o corte representa um alívio para a economia brasileira e mostra que o governo está na direção certa.Segundo ele, a redução ajudará nas contas públicas pelo lado da arrecadação. “Isso dá um alento, porque estávamos vendo uma queda importante na arrecadação”, declarou Haddad.

É o suficiente?

A decisão pela redução em 0,5 ou 0,25 ponto percentual ficou dividida entre os membros do comitê e o desempate ficou por conta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que acabou optando pela redução mais acelerada.
Apesar disso, a taxa de juros ainda está em um patamar elevado e com isso os donos de pequenos negócios no Brasil ainda são prejudicados, conforme avalia o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima. “Os pequenos negócios têm respondido por 7 em cada 10 novas vagas de empregos formais e contribuem diretamente para a vida de 85 milhões de pessoas, um contingente maior do que a população de países como França, Reino Unido, África do Sul e Argentina. Com essa importância para a economia, as MPE precisavam ter assegurado o acesso a taxas de juros mais favoráveis e que não representassem um risco futuro à saúde financeira das empresas”, avalia.
Para as próximas decisões, o Copom deve considerar os pontos que foram elencados em seu balanço de risco, mas os membros do comitê antevêem redução de mesma magnitude, avaliando que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
“A persistência da inflação global e da inflação doméstica de serviços poderiam levar o comitê a ponderar uma queda menor e desaceleração da atividade global mais acentuada e surpresas baixistas na trajetória de inflação poderiam levar o comitê a pensar em acelerar a queda, para 0,75%. Mas, até então, espera-se que o Copom mantenha o ritmo”, avalia André Meirelles, diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP, para quem a decisão do Copom pode ser lida como positiva sob a perspectiva dos ativos de risco.
Em nota à imprensa, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) afirmou que a iniciativa é importante para impulsionar o crescimento econômico e enfrentar os desafios financeiros do país. “A decisão, à medida que a inflação vem diminuindo, certamente terá impacto positivo na economia, estimulando o consumo e investimentos, além de favorecer o acesso ao crédito para empresas e indivíduos”.
Na mesma linha, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) considerou positiva a redução no momento, mas admitiu esperar que esse seja um movimento contínuo de redução e que a Selic possa se estabilizar em um patamar baixo de forma sustentável no longo prazo. Para o presidente da Abrainc, Luiz França, o corte na taxa básica de juros é essencial para a incorporação imobiliária e construção civil, uma vez que os financiamentos habitacionais de imóveis de médio e alto padrão são os mais impactados pela Selic. “Além da queda nos juros, é essencial que o Banco Central adote medidas que aumentem a oferta de funding ao setor. Uma delas é a ampliação dos recursos da Poupança que são direcionados obrigatoriamente ao financiamento de imóveis dos atuais 65% para 70%”, explica o executivo.

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