Se não pode vencê-los, junte-se a eles. É mais ou menos seguindo esse ditado que o banco suíço UBS pretende lidar com os avanços da bitcoin no mercado financeiro tradicional. O detalhe aqui é que, em vez de abrir os braços para a criptomoeda, a instituição financeira e outras 10 empresas planejam utilizar a tecnologia por trás do recurso para reduzir custos e agilizar suas operações.
Pois é, esqueça qualquer chance de fazer depósitos em BTC na sua conta corrente no futuro próximo. A ideia aqui é usar a blockchain para criar uma moeda digital de uso estritamente institucional. O mais interessante é que o movimento não é nenhum tipo de corrida ao ouro ou prova de desespero dos bancos, mas sim um projeto iniciado em 2015. Sim, antes mesmo do grande boom que fez da bitcoin o que ela é hoje.
Adeus, middlemen
Segundo a Coindesk, se a brincadeira der certo, o time formado por UBS, HSBC, Barclays e outros gigantes do setor financeiro tem tudo para tirar da jogada uma série de intermediários que hoje atuam em suas transações. O resultado? Uma redução considerável no tempo e no custo dos bastidores de cada operação monetária. De quebra, a ferramenta pode fazer o papel de dólar, euro ou qualquer outra moeda no pagamento de ativos ou transferência entre bancos, acabando com conversões, taxas e acertos cambiais.
Proteção extra
Economias à parte, essa união entre segmento old school e tecnologia disruptiva pode trazer resultados bem significativos. Para começar, a blockchain costuma ser vista por especialistas como uma opção bem mais segura do que os mecanismos convencionais de proteção e segurança utilizado pelos bancos. É que o protocolo que rege a bitcoin, por exemplo, não foi quebrado até hoje, o que deu espaço para que ele crescesse mesmo diante do forte ceticismo do mercado quanto a uma moeda digital.
Como a criptomoeda proposta pelo consórcio de bancos é bem mais restrita que o BTC velho de guerra, a tendência é de que ela seja quase impenetrável. Como a palavra “quase” não significa muito no mundo financeiro (não julgue: você também ficaria com o pé atrás se tivesse milhões ou bilhões em jogo), o projeto deve contar com outro diferencial inusitado em relação à bitcoin: lastro garantido num banco central.
Tudo ao mesmo tempo
Essa história faz com que o mercado esteja igualmente empolgado e reticente em torno da novidade (ah, os hormônios). A cautela é até justificada, uma vez que ninguém sabe ao certo se uma solução como a oferecida pela UBS aguenta o volume obsceno de transações que os bancos de alto calibre realizam diariamente. Isso, porém, não parece assustar bancos chineses e britânicos, que já andam pensando em usos similares das criptomoedas.
Ironia much?
No final das contas, chega a ser engraçado que uma ideia que nasceu para levantar a bandeira da descentralização monetária sirva como inspiração para dar um controle ainda maior para as instituições financeiras. É fato: só fica entediado no mundo da tecnologia quem quiser.
Fonte: The Brief