Bancos se preocupam em ir além da agenda regulatória do pix para satisfazer o varejo

Painelistas do Fórum Banking Anywhere compartilham cases e discutem novos caminhos para jornada se tornar cada vez mais invisível
Por Ana Carolina Lahr

É indiscutível que o Pix caiu no gosto do brasileiro, seja pela sua facilidade, instantaneidade ou baixo custo. No fim de agosto, o Pix registrava 153,36 milhões de usuários, conforme as estatísticas mensais mais recentes do Banco Central. Desse total, 140,65 milhões eram de pessoas físicas; e 12,71 milhões de pessoas jurídicas. No caso do varejo, o Pix já se tornou protagonista entre os meios de pagamento. Há de se considerar, porém, que atende a perfis de consumo diferentes, com tíquetes médios e benefícios distintos de outros meios de pagamento bastante cotados, como o cartão de crédito. Além disso, ainda caminha em uma agenda evolutiva que tem por objetivo melhorar a experiência do consumidor. A discussão, que é acompanhada de perto pela Cantarino Brasileiro desde o ano passado na trilha Bancos & Varejo, ganhou novo capítulo durante o Fórum Banking Anywhere, no painel “Meios de pagamento”.

“O pix é algo que realmente vem mudando o mix de pagamento da nossa base. No fechamento de 2022, foram mais de 24 bilhões de transações do tipo, e na sequência vem o cartão de crédito”, observou Renata Fargetti Rizzo, Superintendente de Empréstimos, Seguros e Conta Digital do Banco Carrefour.

Dada a relevância, ela destacou que o banco está de olho não apenas na agenda regulatória, na qual o Pix recorrente – automático – vai começar a tomar proporções diferentes, mas no que já é possível ir além.
Com a agenda interna do pix em constante evolução, há pouco mais de três meses o Banco Carrefour implantou a opção de pagamento da fatura de cartão via pix. “O cliente consegue de, forma online, fazer o pagamento no momento e ter o seu limite restabelecido. Com isso, estimulamos a compra no varejo ao mesmo tempo em que estimulamos o cliente a usar o nosso meio de pagamento, o cartão de crédito, com maior frequência”, conta Rizzo.
A solução foi inicialmente disponibilizada via aplicativo e, mais recentemente, passou também a ser ofertada no caixa do ponto de venda físico (PDV). Com isso, já se tornou opção de uso para 33% dos clientes do banco que possuem cartão. “É algo exponencial. A gente quer chegar em mais de 50% dos nossos pagamentos através de Pix”, revelou a superintendente. 

Confira entrevista com Renata Rizzo na série “Por dentro do Fòrum Banking Anywhere”

Jeferson Honorato, diretor do next, também compartilhou as iniciativas do banco digital do Bradesco a fim de melhorar a jornada do pix. “Olhando o lado do consumidor, a gente desenvolveu um crédito atrelado à modalidade que dá ao cliente um crédito para efetuar o pagamento instantâneo, que será parcelado diretamente pelo banco”. 

Experiência

Sem duvidar da disrupção trazida pelo Pix entre os meios de pagamento, o mediador e consultor Edson Santos avaliou que o meio de pagamento instantâneo “ainda não chegou no varejo com a força e com a competência que ele tem”.
Uma das conclusões trazidas pela discussão foi que o ponto chave na discussão sobre a evolução do pix no varejo é a experiência, tanto do vendedor, quanto do pagador, que precisam ser melhoradas. “Podemos esperar para os próximos anos uma evolução muito grande na plataforma do Pix, não só melhorando a experiência de quem vende, automatizando toda a sua reconciliação e conferência, como também a experiência de quem paga”, resumiu.
Questionada sobre a dificuldade do Pix chegar no varejo com uma força que talvez mereça, Fabiola Schmitz Sangalli, head de produtos financeiros da financeira Realize, do grupo Renner/Camicado, avaliou que quando se fala do varejo, existe uma complexidade maior. “Embora seja fácil ler um QR code, nem sempre a facilidade está disponível em todos os canais”, lembrou. 
Ela destacou que no varejo é importante a premissa de que o pagamento é uma consequência, e não prioridade, por isso a preocupação em fazer da experiência o mais fluida e invisível o possível. “Esse é um desafio que vem com a iniciação de pagamento via Pix. Acredito que esse vai ser um dos pontos de inflexão dentro do Pix do varejo: o momento que a gente conseguir chegar nessa experiência, não só em canais digitais, mas também nos canais físicos, de maneira invisível”.
Do ponto de vista das instituições financeiras, Honorato destacou que o desafio está no fato de que os ecossistemas estão cada vez mais complexos do lado operacional, enquanto do lado do consumidor é preciso cada vez mais simplificar. “Nosso desafio é estar presente nesses ecossistemas. No momento em que o cliente vai cadastrar o seu meio de pagamento no aplicativo de transporte, no pedido de alimentação, de compra. Porque a gente sabe que o cliente cadastra aquele meio de pagamento e começa a usar, ele se fideliza. Então esse é um dos nossos, é uma das nossas frentes em expansão”. 
A preocupação, inclusive, levou o banco a adquirir uma tech-fin, a Aarin, para ajudar no processo no caso. “Se por um lado as grandes empresas do varejo têm um poder maior de automação do seu check out, você tem também o varejo de menor porte que precisa, muitas vezes, de uma assessoria para fazer isso. Por isso a gente, como organização que está muito presente no varejo, fez essa aquisição”. 
Embora ainda em fase exploratória, a melhora da experiência do pix no ponto de venda também já está na agenda evolutiva do BC. “Esse é um ponto que é importante que a gente considere, assim como um ponto crítico para aperfeiçoamento dessa experiência, ou seja, trazer novas dinâmicas, novas funcionalidades para aperfeiçoar essa experiência. Já existe um trabalho exploratório sobre isso onde as alternativas são mapeadas, mas não estão na trilha de produção ou de desenvolvimento nesse momento”, reforça Carlos Brandt, gerente de Gestão e Operação do Pix no Banco Central.

Tecnologia de ponta

Enquanto varejo, bancos e o Banco Central buscam soluções para embedar um produto financeiro como o pix dentro do check out de forma mais fluida, a indústria da tecnologia avança na agenda por conta própria.

Uma das tecnologias já disponíveis no mercado é a solução “Pix para PDV”, da Matera, empresa de tecnologia e processos que atua há 30 anos no mercado de software e tem como foco simplificar processos para empresas do varejo.

A solução transforma o ERP do Ponto de Venda em uma fintech e permite que o pagamento por Pix seja implementado nos pontos de venda atrelados, sem intermediários, auxiliando não apenas na melhora da jornada do cliente, como no crescimento de receita a partir da redução de taxas transacionais.

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