Crédito estudantil, profissionalização tech e educação financeira são apontados por consultor como potenciais vertentes em 2023
Por Ana Carolina Lahr
A pandemia do novo coronavírus levou as escolas públicas e privadas a paralisar suas aulas presenciais, medida que exigiu novos gastos com a reorganização das ações pedagógicas, ao mesmo tempo que o cenário econômico alterava as condições de vida das famílias e as possibilidades de financiamento do governo.
No âmbito do ensino público, o impacto fiscal foi duplo, segundo relata o estudo Covid-19: Impacto Fiscal na Educação Básica, produzido pelo Todos pela Educação e pelo Instituto Unibanco em 2020. Por um lado, houve aumento dos custos com as despesas imediatas de reorganização e preparação para o retorno presencial; por outro, diminuiu a disponibilidade fiscal para o investimento na área. Diversas iniciativas legislativas foram apresentadas buscando assegurar recursos adicionais para ações educacionais no contexto, assim como projetos de lei visando à recomposição de recursos para a educação e a destinação de novos recursos aportes para a área.
Além de afetar o ensino público, a crise sanitária colocou mantenedores do ensino privado em situações críticas. Esse
cenário, segundo Bruno Diniz, especialista em inovação no setor financeiro e sócio da Spiralem Innovation Consulting, deu espaço para que as edfintechs conquistassem seu lugar no ecossistema financeiro. “Não tem por onde fugir, a educação é a chave para mudar o país. Em abril do ano passado, eu já falava sobre como elas tinham chegado, com o discurso de ajudar as instituições financeiras na gestão das contas, prometendo zerar a taxa de inadimplência e, muitas vezes, agregando outros valores ao serviço, como plataformas para aulas on-line, ferramentas de contabilidade e até de marketing. Isso fez com que ganhassem uma fatia do mercado e muitas delas prosperam desde então”, contextualiza.
Impacto no core
O movimento em prol da educação no país difere, porém, do modelo adotado por grandes instituições financeiras, que usam seus braços sociais para apoiar com investimentos projetos voltados para a educação de base e profissionalizante.
“Quando falamos em grandes bancos, é claro que eles têm uma poderosa estrutura, que proporciona a criação de fundações e instituições com trabalhos mais fortalecidos nesse sentido. Já no caso das fintechs, muitas delas estão numa jornada de escassez de recursos e acabam não desenvolvendo projetos nesse sentido no estágio inicial do negócio. A vantagem é que elas têm na sua raiz um teor educativo – foram elas que introduziram no mercado, por
exemplo, a proposta de uma jornada sem fricção para o consumidor e até o conceito de educação financeira. Isso gera um efeito em rede muito positivo, que colabora com a criação de um senso crítico mais apurado por parte do consumidor”, pondera.
Nesse cenário, Diniz destaca três vertentes com grande potencial de crescimento para o segmento:
“Temos a educação retornando com força. Primeiro, por meio de modelos que financiam os alunos ou as instituições de ensino; segundo, como serviço complementar àqueles já prestados nas instituições financeiras existentes, por meio das ações de educação financeira; terceiro, em iniciativas dedicadas à formação de profissionais de tecnologia para suprir as necessidades do setor”.
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